Capítulo 5
O Palácio de Cristal
Passamos por uma floresta congelada(que me fez lembrar mais ainda Nárnia) e eu perguntei:
- Essa rainha é do bem?
- Claro! As antigas gerações dela, já tentaram matar Jaffna de todos as maneiras. E ela também. Mas ele escapa de tudo. Já tentaram expulsá-lo daqui, mas ele volta. Sempre volta e destrói algo ou mata alguém. – Wadi parecia prestes a chorar.
- Ele já fez alguma coisa pra você? – Alexis perguntou.
- Esqueçam ele. – disse Wadi – Caso vejam um brilho no horizonte, deve ser o Palácio de Cristal da rainha.
- PALÁCIO DE CRISTAL?! – Alexis e eu dissemos juntas com um breve gritinho no final.
- Estou vendo! Estou vendo! – Alexis parecia uma...uma...uma coisa pulante.
- Calma! – falei – Alexis, estou com um mal pressentimeto. E se a Layla estiver aqui? Ela vai brigar tanto comigo por ter vindo aqui.
- Você não faz ideia de como é estranho você dizer que a sua cachorra vai brigar com você. – ela disse. E eu fazia ideia sim.
- Tá, mas...mesmo isso sendo estranho, não quero desobedecê-la. Não sabemos os perigos daqui. Não sabemos como SAIR daqui!
- É...você tem razão. – ela parecia desconfiada – Sam, e se o lêmure com nome estranho for do mal? Ou pior, e se ele for o tal de Jaffna?
- Seja lá quem ele for, o palácio é maior do que pensei!
Chegamos na frente de uma porta de pelo menos sete metros de altura! Ela era de um tipo de vidro, mas daqueles que não se vê do outro lado. Minha irmã sabia como impressionar os convidados. Havia dois guardas nas laterais da porta. Pareciam ogros ou trolls, sei lá. O maior deles disse:
- Quem ousa vir até o palácio da rainha Nyala?
- Não digam nada. – Wadi sussurrou para nós – Eu sou Wadi Halfa e estas são Samantha Harrie e Alexis Cocker. O nome de uma delas não te lembra nada?
- Ah meu Deus! É ela! Mil perdões! Entre por favor. – disse o menor e abriu a porta.
Aquilo nem se comparava a melhor festa de quinze ou desseseis anos no nosso mundo. Por fora era de um cristal duro e resistente (sim, eu toquei). Por dentro era tudo de várias cores e com vários criados andando de um lado para o outro. Mas todos pareciam felizes. Conversavam enquanto andavam e não era como naqueles filmes, os quais os criados são tristes, revoltados e mal-tratados.
Wadi foi na frente e disse:
- Esperem aqui.
Ele foi falar com um garoto (muito bonito por sinal). Quando voltou, o garoto veio junto.
- Este é Logan Spok. Ele é um dos conselheiros da rainha. O outro é Daniel Dovel. – disse Wadi.
Logan tinha olhos verdes e cabelos lisos e curtos da cor castanho escuro, quase preto.
- Boa noite, senhoritas. Sejam bem-vindas ao palácio de Muiraquitã. Vou levá-las à princesa Sarah. Sigam-me. – disse Logan.
Ele parecia ser simpático.
- Ele é bonitinho. – Alexis disse.
- Mas não é do nosso mundo. – falei.
- E daí?
- Caso as senhoritas queiram alguma coisa é só chamar a Liana. Ela é a serva da rainha e será a vossa. – disse Logan.
- Olha, não precisa falar formal com a gente. Tá começando a me irritar. – pediu Alexis.
- Vocês não fazem ideia de como é difícil falar assim o tempo todo, sem falar que é chato. Já ouvi falar de você, Samantha. Você é uma lenda aqui, sabia? É uma honra tê-la conhecido.
Ele, além de bonito, era fofo!
- Nossa, muito obrigada.
- De nada.
Alexis me olhou com o famoso olhar “Vocês são o casal perfeito!”. Várias vezes já me lançou esse olhar.
- Chegamos. – disse Logan.
Antes de entrarmos puxei Alexis e perguntei:
- Espera! Cadê o Wadi?
- Seu amigo está falando com a rainha. Somos do bem, esqueceu? – disse Logan.
Uma pessoa do bem nunca fala “Ei! Eu sou do bem!”. Será que ele era o Jaffna? Comecei a suspeitar dele.
Assim que entramos no quarto todo rosa e roxo da minha irmã (ótimo, minha irmã é patricinha), ouvimos:
- Muito obrigada, Petunia.
- De nada. Acha que combina com os sapatos?
- Sim. Cadê o Sun?
- Estou aqui! – falou uma vozinha bem aguda.
Logan bateu e entrou.
- Princesa, ela está aqui. – ele disse.
- Oh! – ouvi passinhos vindo na minha direção. Olhei para baixo e vi dois hamsters. Um era todo roxo e tinha um lacinho. O outro era da cor bege bem clarinho e branco na barriga. Muito fofinhos! O roxinho disse:
- Sarah, vem logo!
- Vem, Layla! – ouvi uma voz suave.
LAYLA?! AH, NÃO!
- Alexis! É a Layla!
- Oh-oh.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou Layla.
- Calma, Layla. Ela só é curiosa...assim como eu. – disse a princesa que vestia um vestido azul claro com umas listras na altura do joelho.
- Com licença. – Logan disse e depois foi embora.
Ai! O que eu menos queria que acontecesse...aconteceu! Layla parecia aqueles cães raivosos. Nunca vou esquecer aquela baba saindo do cantinho da boca dela. Ui! De repente, ouvi risadinhas vindas do meu relógio (do meu relógio!). Olhei e vi uma imagem na telinha principal como se fosse uma TV de uma polegada.
Era eu e Alexis em cima da minha cama, rindo de alguma coisa.
- Layla, o que é isso? – perguntei.
- É o que vocês estão fazendo no seu mundo. – ela respondeu. Aparentemente, tentando se acalmar do susto que eu dei nela ao aparecer ali.
- Oi! – falou uma vozinha bem fininha.
- Quando vocês estão em Muiraquitã, no seu mundo vocês continuam fazendo o que iriam fazer. É como se o tempo não parasse para vocês.
- Bizarro. – murmurou Alexis.
- Oi! – a vozinha fininha de novo. Olhei para baixo e vi o hamster bege puxando minha calça.
- Olá. – respondi. – Qual é o seu nome?
- Eu sou Sunshine e está é a Petunia. – disse ele e Petunia me deu um sorriso.
- Olá. – disse Petunia se aproximando do meu pé. Eles deviam medir de quinze a vinte centímetros quando ficavam de pé. – Sarah estava doida pra te conhecer pessoalmente.
- É. – disse Sarah – Será que eu posso conversar com a Samantha a sós?
- Claro. Vamos hamsters. Vem, Alexis. – Layla os chamou e foi embora.
Sarah fechou a porta depois que eles saíram. Ela começou a me olhar e disse:
- Sempre achei que você seria parecida comigo.
- Você disse que eu era curiosa como você...o que você quis dizer? – perguntei.
- Eu não sou uma muiraquitãniana. Quer dizer, não oficialmente. Morei na Terra durante um tempo. Para ser exata, por um ano e seis meses. A cachorra da família me trouxe aqui porque achavam que eu era...especial demais para esperar até eu ter 13 anos e seis meses. Eles só explicaram minha função depois.
- Que função?
- Sou a princesa. – jura? Não me diga! – Meu dever é guardar o livro sagrado.
Existe um livro?
- Todos o chamam de Opitex.
Que nome horrível! Não tinha um melhor? Nina? Bob? Ou até "livreto"? Parece nome de remédio!
- O que tem nesse livro? E por que você precisa guardá-lo? – perguntei. Já não bastava minha cadela ser cheia de surpresas, minha irmã também era.
- O livro sabe do passado, presente, futuro, guarda feitiços, poderes e segredos que a maioria dos seres daqui não conhecem.
- Existem magos ou feiticeiros aqui?
- Só alguns.
- E esses segredos? Você os conhece?
- Apenas um. Ele é passado de geração em geração. Você irá saber um dia.
Não sei o que ela quis dizer.
- Eu posso vê-lo? Um dia?
- No dia certo.
Que saco!
- Está com fome? – perguntou Sarah.
- Um pouco, mas acho melhor ir pra casa. Vou chamar a Alexis. Foi ótimo te conhecer.
- Igualmente. Vá com cuidado.
E nos abraçamos.
Gostei dela. Ter uma irmã deve ser legal. É bom ter alguém da família a quem contar os segredos. Alguém que te entenda. Não um irmão que quando você fala que está naqueles dias ele fala “Mãe, posso sair durante um semana? Não sei quanto tempo esse nervosismo vai durar!”. É triste.
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