terça-feira, 7 de junho de 2011

Capítulo 1

Capítulo 1

  O Começo

Sempre sonhei estar em uma aventura. Tenho treze anos e nunca vivi algo digno de uma história. A propósito, meu nome é Samantha (sempre que escrevem, põem sem o H. Fico com muita raiva. Já escreveram meu nome de tantos jeitos que não caberiam todos nesta folha).
Minha família é estranha. Quer dizer, não é sempre que sua mãe tenta cantar e a única coisa que sai da boca dela é o barulho de um peixe boi morrendo. O nome dela é Lauren. Meu pai arranjou um emprego na semana passada como motorista de barcos. Ele sempre adorou o mar, enquanto minha mãe já vomita ao ouvir a palavra “onda”.
Meu irmão é um ano mais velho que eu. Além de ser um ótimo irmão me ajudando quando tenho problemas, ele e mais três amigos acabaram de montar uma banda chamada “Meplusyou”. É um nome até legal devo admitir.
Um dos integrantes da banda é o meu melhor amigo, Mike. Ele é um amigão do meu irmão também. Mike é do tipo que faria tudo para proteger os amigos. Ele é também é um bom nadador e sonha viajar o mundo, assim como eu, aprender sobre várias culturas.
Tenho uma cachorra chamada Layla. Ela é da raça Border Collie. Ela é minha melhor amiga e é preta com algumas manchas brancas e sua cara tem uma faixa branca que a divide em duas.
Moro em uma casa enorme de dois andares. Ela é bem moderna e o quintal e o jardim são enormes. Meu pai, cujo nome é Robert, sempre diz que vai botar uma piscina no quintal, mas isso nunca aconteceu.
Os outros detalhes sobre a minha vida escreverei ao longo do tempo. Até lá, o básico sobre minha vida é isso.
Ah! Esqueci de dizer que estou na sétima série e minha escola se chama Hocenic. Não pergunte o motivo.



Amanhã eu tenho prova de filosofia na escola. Da pra acreditar? FILOSOFIA! Não quero ser filósofa e aposto que ninguém da minha sala quer. Filosofia não serve pra nada. Bom, pelo menos é o que eu acho.
Odeio quando minha mãe começa a cantar. Isso mesmo. Ela começou agora.
Meu irmão, Rick, acabou de falar pra ela calar a boca e eles estão brigando.
- Odeio quando ela canta – disse Rick.
- Você não é o único – comentei.
Rick é o tipo de irmão que você gostaria de ter. Mas ele é só MEU irmão. Literalmente, porque eu não tenho outro.
- Rick, - minha mãe cantora aparece do nada na minha porta – não gostei da sua atitude. Peça desculpa ou vai...vai...ficar sem o computador!
Minha mãe não é muito boa em ameaças.
            - Desculpa. Será que agora eu posso ajudar a Sam com o dever de casa?
            - Pode claro. Já estou indo. Vou no supermercado. Vocês querem alguma coisa? – perguntou minha mãe.
            - Eu quero aquele biscoito que você comprou ontem. Estava muito bom. – falei.
            - Já acabou? – ela perguntou.
            - Já.Aproveita e compra mais um saco de ração pra Layla.
            - Tudo bem. E você Rick? Não quer nada?
            - Não, obrigado mãe. Tchau!
            - Tchau, queridos! Juízo, hein? – disse minha mãe.
            Não sei o que ela quis dizer com “Juízo, hein?”. Rick não me deixa nem passear com a
Layla sozinha.
            - Cadê o papai? – perguntei.
            - Trabalhando – disse Rick.
            - Mas ela não ia chegar mais cedo?
- Também achei. Ela deve estar chegando. Relaxa.
- Tá, mas...cadê a Layla?
- Essa eu não sei. Você realmente precisa de ajuda pro dever?
- Não. Preciso de ajuda para achar a Layla.
A campainha tocou assim que eu terminei de falar.
- Será que é o Mike? – perguntei.
- Provavelmente.
- Você atende e eu vou no quintal procurar a Layla.
- Tá. Cuidado.
- Tá brincando, né? Eu vou no nosso quintal!
- Mesmo assim. Cuidado.
Enquanto eu ouvia Rick falar com Mike, fui no quintal procurar a Layla.



- Layla! Layla! Layla aparece! Cadê você garota? – gritei o mais alto que pude, mas nada.
Ela não estava em lugar nenhum.
- Rick! – gritei indo em direção à sala – Não achei a Layla. Oi, Mike! Por favor, me ajudem!
- Quando foi a última vez que você a viu? – perguntou Rick enquanto Mike me dizia oi.
            - Ela...ela – eu estava quase chorando só de pensar que ela podia ter fugido.
            - Calma, Sam! Ela não pode ter ido longe. Vai com o Mike procurar no final da rua e eu vou perguntar para os vizinhos.
            - Não vai dizer “Cuidado, Sam” ou “Mike, toma conta dela”? – perguntei.
            - Eu ia, mas não vou mais. – disse Rick.
            Depois eu ouvi Rick dizer bem baixinho no ouvido do Mike:
            - Por favor, faz de tudo pra encontrar aquela cachorra. Se ela sumir, minha irmã some também.
            - Vou fazer de tudo, cara – respondeu Mike.
            - Dá pras mocinhas pararem de cochichar e começarem a procurar a Layla? – perguntei, ou melhor, gritei.
            - Estamos indo! – gritou Rick de volta. – Mike, toma conta da minha maninha.
            - Ninguém merece. – falei baixinho.
            - Pode deixar. – respondeu Mike rindo.



            Nunca consegui imaginar minha vida sem a Layla.Minha vida sem a Layla...SERIA HORRÍVEL! Eu nunca teria pego um filhotinho de pedigree na mão!
            - Você está tão triste assim? – perguntou Mike.
            - Claro. Na verdade, eu tava pensando como seria minha vida sem ela – falei.
            - Nós vamos encontrá-la. Eu prometo. – disse Mike.
            Senti uma pontada no coração, mas acabou em segundos.
            - ACHEI A LAYLA!!! – gritei que nem aqueles macacos gritadores. É sério, eu estava desesperada.
            Acho que nunca corri tão rápido na minha vida. Não sei como a Layla não se assustou.
            - Layla!Ah, garota!Como você fugiu? Por que você fugiu? Nunca mais faça isso!
            - Acho que ela está bem? Você está? – ironizou Mike – Vou ligar para o Rick.
            Estava tão aliviada de encontrá-la que nem dei atenção ao Mike. Consegui colocar a coleira nela e a abracei tão forte que...
            - Não aperte tanto!
            - Mike, eu simplismente estou feliz de achá-la. – falei.
            Percebi que ele estava falando ao telefone e não podia ter falado comigo. Foi aí que sussurrei para a Layla:
            - Por favor, não me diga que foi você que falou. Ou melhor...não diga nada...quer dizer, você é um cachorro...você não pode ter falado.Cachorros não falam. Você falou? Ai, droga to maluca. To conversando com minha cachorra.
            - Humanos...sempre dizem a mesma coisa. “Oh meu Deus!”; “Você falou? AAAAAAAAAAH!”; “Você sabe falar?” e “Mas você é um cão!”. Não sabem nem ser originais.
            Eu estava dizendo para mim mesma “Não grite, não corra e não se belisque porque você não está sonhando”. Minha vontade era de correr, gritar e me beliscar, tudo ao mesmo tempo.
            - Layla...por que você só falou comigo pela primeira vez hoje? Por que só agora? E por que eu ainda estou falando com você?– sussurrei para Layla. Não queria que Mike me ouvisse. Nos filmes, os outros nunca acreditam no protagonista. Por isso não vou arriscar.
            - Há quanto tempo você fez treze anos? – Layla perguntou. (acredite, é muito estranho escrever que seu cachorro faz perguntas.)
- Faz seis meses hoje, mas e daí?
Nesse momento, após a longa conversa do Mike com o Rick, (uma conversa relativamente longa para dois meninos) ele virou-se para mim e perguntou:
- Você falou comigo?
- Não – respondi rápido.
- Ah. Rick falou para nos encontrarmos em casa.
- Pode ir.
- Nos encontrarmos. Eu e você.
- E a Layla.
- É, que seja. Nós três, então.
- Olha, eu quero ficar um tempo sozinha com ela. Será que posso?
- Se eu voltar sem você, Rick me mata. Por favor, vamos. Depois vocês duas ficam sozinhas. Terão todo o tempo do mundo, eu prometo.
- Promete?
- Eu prometi que encontraríamos a Layla, não prometi? E aqui está ela.
- Tudo bem.Vem Layla. Obrigada.
- De nada.
Mike é um grande amigo.Sério. Adoro ele. Mas só como amigo. Melhor amigo.
Ah não! Amanhã eu tenho prova de filosofia! Assim que chegar em casa vou ter que meter a cara nos livros da minha matéria “favorita”.

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